terça-feira, 20 de março de 2012

Os dias de Noé

Gênesis 6.5-9,11-14“Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. E disse o Senhor: Destruirei da face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis e as aves do céu; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor. (Noé) Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus. A terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os destruirei juntamente com a terra. Faze para ti uma arca de madeira de gôfer.”

Introdução
Os dias de Noé eram bastante semelhantes aos que vivemos atualmente. Não no sentido cultural ou tecnológico, mas de impiedade, ao ponto do autor do livro do Gênesis registrar que Deus havia se arrependido de ter criado o homem. Mas em meio àquele caos, um homem junto de sua família desperta a misericórdia divina e inicia-se ali a dispensação do Governo Humano, de aliança noética.

1. Aspectos da Fé de Noé
1.1 A primeira chuva
É de comum acordo entre a maioria dos teólogos que antes do dilúvio não chovia na terra. Lemos em Gn 2.5,6: “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra”.

1.2 O julgamento dos homens
Imaginemos então, como ficaria a cabeça de um homem que nunca havia visto gotas de chuva em toda sua vida, atender à ordem divina para construir uma arca sob o motivo da destruição da terra através de um dilúvio. Imaginemos, ainda, como ficaria a cabeça das demais pessoas e os vários julgamentos feitos para com Noé. Imaginemos as pessoas chamando-o de louco e rindo de sua família. Imaginemos a tristeza de Noé ao ver sua família passar por humilhações. Imaginemos sua família apoiando sua decisão e participando da construção da Arca. Sem dúvida, esta fé faz jus ao comentário do autor da epístola aos hebreus que insere o nome de Noé na galeria dos heróis da fé.

1.3 As dimensões da Arca
Em uma época em que a tecnologia não era avançada, as dimensões da Arca eram um grande desafio para Noé. As medidas eram respectivamente 300 côvados (aproximadamente 150m) de comprimento, 50 de largura (25m) e 30 de altura (15m). A arca era ainda, embetumada por dentro e por fora, isto é, impermeabilizada com uma espécie de asfalto e possuía três compartimentos. Para se ter dimensão de como a Arca superou a engenharia por muitos séculos, o Titanic tinha 269m de comprimento, 28m de largura e 72m de altura. Antes do Titanic, o maior navio era o Lusitania , lançado em 1906, o qual tinha 240m de comprimento. Ambos os navios naufragaram, causando grande desastre. Ao contrário, uma Arca de madeira e que não contava com tanta tecnologia permaneceu intacta enquanto foi necessária, mantendo a mesma forma até nos dias de hoje no local em que atracou, o monte Ararat, na Turquia.

1.4 A empreitada de Noé
Noé tinha aproximadamente 500 anos quando o Senhor o chamou (Gn 5.32), 600 anos quando o dilúvio veio sobre a terra (Gn 7.6) e viveu 950 anos (Gn 9.29). cerca de 10% de sua vida foram gastos na empreitada as construção da Arca. Será que estamos dispostos a investir pelo menos 10% de nossas vidas em algum projeto da parte de Deus pacientemente e sem reclamar?

2. Semelhanças com os dias de hoje
Jesus declarou que os dias que precederiam Sua volta seriam semelhantes aos de Noé (Mt 24.37). Comparemos, pois, alguns dos aspectos que assemelham-se bastante aos dias hodiernos e tiremos lições de preparação para a vinda do Senhor.

2.1 Grande impiedade
O motivo que levou o Senhor a destruir o mundo pré-diluviano foi a frieza e impiedade que aquelas pessoas estavam vivendo. Lemos em Gn 6.5 que a maldade dos homens era grande e que seus pensamentos eram terríveis. Por motivo semelhante, Sodoma e Gomorra foram destruídas e da mesma forma. Um dos sinais da volta de Cristo é a multiplicação da iniqüidade que esfriará o amor da humanidade. Essa frieza e apatia já estão contagiando muitas pessoas e alertando-nos para o arrebatamento da Igreja.

2.2 Viviam normalmente
Jesus declarou ainda que, assim como nos dias de Noé, as pessoas viviam suas vidas normalmente, como se nada fosse acontecer, comendo, bebendo, casando e dando em casamento (Mt 24.38). O mesmo acontecerá nos dias anteriores à Sua vinda. A humanidade não estará preocupada em se preparar para se encontrar com Cristo e por isso, muitos serão pegos desprevenidos. Da mesma forma que os contemporâneos de Noé cuidavam de suas necessidades naturais sem se preocupar com o juízo de Deus e foram surpreendidos pelo dilúvio, assim a humanidade pré-arrebatamento estará focada em multiplicar dinheiro, em aumentar posses, em suas necessidades terrenas quando subitamente Jesus aparecerá sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória e então estando dois homens no campo, um será levado e o outro deixado. Estando duas mulheres no moinho, uma será levada e a outra ficará. Precisamos estar alertas para a volta do Senhor.

2.3 A Arca e a Igreja
Ao contrário da crença popular, Noé não levou apenas um casal de cada espécie. Eram sete casais de animais puros e um casal dos animais impuros.  Há discussões sobre o padrão do que era puro e impuro ser o mesmo critério de Lv 11 e o mais provável é que os animais puros fossem os que poderiam ser sacrificados. Alguns sugerem que poderiam ser os comestíveis, mas há divergências em função de Gn 9.3. Enfim, o importante nessa situação é como a Arca simboliza a Igreja. Da mesma forma como havia diversidade de animais, a Igreja é uma diversidade de membros. Da mesma forma como na Arca havia o odor dos animais, na Igreja há seres humanos em processo de santificação e até mesmo joio no meio do trigo. Da mesma forma como aqueles animais foram poupados da destruição, aqueles que fizerem parte da Igreja Mística de Cristo serão poupados da grande tribulação.

3. As falhas de Noé
Apesar da grande fé de Noé, ele era homem como você e eu, o que pressupõe limitação e possibilidade de falhar. Mas como em todas as falhas registradas na Bíblia Sagrada, podemos aprender lições muito importantes para o nosso viver. Analisemos os principais descuidos desse herói da fé e apliquemos a vigilância necessária em nosso dia-a-dia.

3.1 O descuido com a bebida
Há alguns grupos evangélicos da atualidade que defendem não haver problema em beber bebida alcoólica. Segundo eles, o que não é lícito ao homem fazer é se embebedar e usam como base, dentre outras, a história de Noé e as obras da carne descritas em Gálatas 5.19-21. O texto de Gálatas condena a glutonaria e não o comer. Partindo deste pressuposto, interpretam eles que o que é condenado é a embriaguez. Todavia, a opinião de Deus sobre a bebida alcoólica é que a mesma é profana e impura (Lv 10.10). Teria Deus mudado de opinião? Outro argumento comum é a do casamento em Caná. Jesus fora convidado para tal casamento e realizou ali o milagre da transubstanciação da água em vinho. Segundo esses grupos, Jesus bebeu vinho alcoólico naquela ocasião, mas é simples de refutar tal argumento ao observar a quantidade de vinho que o Mestre transformou. Foram 6 talhas que cabiam cerca de 2 ou 3 metretas. Cada metreta tinha entre 30 a 40 Litros. Portanto, no mínimo, Jesus transformou 360 Litros de água em vinho. Devemos observar, ainda, que antes do referido milagre, as pessoas já haviam bebido bastante vinho, ao ponto da quantidade preparada pelos organizadores da festa se esgotar. Com toda essa quantidade de vinho João não deixaria escapar caso as pessoas tivessem saído de lá embriagadas, possíveis brigas e escândalos, mas ao invés disso ficou marcado o elogio do vinho de Cristo (Jo 2.1-11).

3.2 O descuido com as palavras
Outro descuido de Noé foi a repreensão a seu filho Cam. Não observando suas palavras, Noé amaldiçoou seu neto, Canaã, e a sua descendência. Como cristãos, precisamos tomar muito cuidado com o que falamos e por várias vezes a Bíblia nos alerta sobre esse assunto (Pv 18.21; Mt 15.11,18,19; Tg 3.1-12; Cl 3.8). Vale abrir aqui uma observação sobre uma falsa doutrina de quebra de maldições e maldições hereditárias. Embora a descendência de Cam tenha formado os principais inimigos de Israel, isso não foi resultado de uma maldição lançada por Noé, ou uma palavra com poder profético negativo como pensam alguns, perpetuando nas gerações posteriores. Obviamente, todos sabemos que nossas palavras podem sim motivar ou desmotivar as pessoas que estão ao nosso redor. A correta interpretação de Pv 18.21 não é que nossas palavras possuem poder para uma confissão positiva ou negativa, e sim que o que falamos pode ferir, magoar, decepcionar e desmotivar as pessoas. O contrário também é verdade: o que falamos pode ajudar alguém a tomar uma decisão importante, motivar ou encorajar nosso ouvinte. O que o sábio aconselha na referida passagem é que, tenhamos mais cuidado ao falar. Devemos ser cautelosos com as palavras que saem da nossa boca, pois elas não voltam mais depois de proferidas. Dependendo do estrago, a reversão se torna quase impossível. Assim, antes de falarmos algo, saibamos que, essas palavras poderão abençoar ou amaldiçoar, bendizer ou falar mal, elogiar ou criticar, auxiliar ou desmotivar, criar amizades ou inimizades, ferir ou curar. Depende de nossa escolha. Para mais informações sobre maldições hereditárias, acesse o artigo “Maldições Hereditárias e Cura Interior” postada aqui no blog em Maio de 2011.

Conclusão
Grandes são os aprendizados que tiramos nos dias de Noé. Talvez uma boa forma de aplicar esse estudo para os nossos dias seria: precisamos ser servos de Deus piedosos em meio a essa sociedade corrompida pelo pecado. Não podemos descuidar em nenhum momento sequer, mas vigiando e perseverando até o fim aguardamos a volta de Cristo para sermos poupados da grande tribulação.

Questionário
1.      Por que a fé de Noé pode ser considerada grande?
2.      Cite algumas semelhanças de hoje com os dias de Noé:
3.      Pode um cristão beber socialmente?
 4.        Como deve ser nossa boca?

Um comentário:

  1. Em recente estudo da escola dominical em nossa igreja:ASEMBLEIA DE DEUS, em Timom-Ma, houve grande discussão a esse respeito e de acordo com o comentarista aquele segue o vosso pensamento com o qual, como professor da EBD tambem comungo, mas como vossa senhoria mesmo fala, há divergências a esse respeito da chuva ter ocorrido somente após o diluvio.Não há duvidas sobre aguas existentes bem como os rios, pois a biblia enfaticamente diz; e brotava Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra”.

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