Maria sem sombra de dúvidas foi uma santa mulher. Deus a escolheu para um propósito inigualável, dar à luz ao Redentor da humanidade. Maria é um paradoxo teológico. Foi bendita entre as mulheres (Lc 1.42) e com toda certeza bem-aventurada (Lc 1.48), entretanto, o maior ser humano nascido de mulher é o homem que preparou o caminho do Senhor (Lc 7.28), homem este que o menor do reino de Deus é maior do que ele.
Atualmente a teologia romana atribui a Maria diversos títulos incoerentes e a colocam num estado divinal, o que impede uma posição de unanimidade mariológica dentro do cristianismo. O nome teológico dessa controvérsia na perspectiva protestante é Mariolatria.
Para entendermos o atual espaço de Maria na doutrina católica, é mister que recorramos à trajetória mariana na teologia patrística, a fim de verificarmos seu desenvolvimento no período escolástico e como ganhou o corpo dogmático hodierno. Em seguida, é interessante sondarmos quais eram os pensamentos dos reformadores sobre este mesmo tema.
Veneração a Maria
A veneração a Maria desenvolveu-se com certa lentidão nos primeiros séculos e deve seu estado atual à forma como alguns dos pais da igreja devotavam honra aos mártires da fé. Clemente de Roma (35-97 d.C.), por exemplo, acreditava que Pedro já estava em um lugar de glória.[1] Hermas (séc II) cria que somente poderia ter sua porção direita no santuário eterno, aqueles que sofressem pelo nome de Cristo e que suportassem todas as aflições que os santos mártires também haviam suportado. A estes seria dada certa glória. Os que assim não fizessem teriam um lugar à esquerda no santuário, apesar de ambos os grupos gozarem dos mesmos presentes e promessas.[2]
A princípio, essa devoção se dava através da preservação das relíquias dos mártires e da celebração de seus respectivos aniversários. A crença de que os mártires já estavam com Cristo na glória continuou a se desenvolver e o próximo passo foi a busca de ajuda em orações intercessórias as quais eram dirigidas a eles.
Podemos ver esse incentivo em escritos de Cipriano (?-258 d.C.).[3] Orígenes (185-253 d.C.) passou a expor a ideia de que a Igreja no céu auxiliava a Igreja na terra com suas orações[4] e defendeu a invocação dos santos.[5] Crisóstomo (347-407 d.C.) dizia que, os homens deveriam recorrer à intercessão dos santos quando eram punidos por Deus, pois estes tinham acesso mais eficiente até Ele.[6] Gregório de Nazianzo (329-389 d.C.) complementou que esse acesso é ainda mais eficiente do que quando estavam vivos.[7] Jerônimo (347-420 d.C.) defendia a mesma ideia sob a argumentação de que, se enquanto estavam vivos os santos já intercediam pelos fiéis, quanto mais em seu estado celestial coroados de glória.[8]
A distinção técnica sob os termos latria, dulia e hyperdulia seriam adotados oficialmente apenas no concílio do Vaticano II no ano 1963,[9] mas na prática os teólogos patrísticos já faziam tal separação. Homens como Agostinho, Cirilo de Alexandria e Teodorete diziam que embora os santos e os mártires merecessem honra e devoção, somente Deus pode ser adorado.
Segundo Kelly, nos três primeiros séculos a devoção a Maria foi desenvolvida de forma lenta, pois o culto aos santos e mártires foi a priori, mais entusiástico. Sendo assim, “provas confiáveis de orações dirigidas a ela ou da busca de sua proteção e ajuda são quase inexistentes (embora não totalmente) nos primeiros quatro séculos”.[10]
A veneração mariana passou a ganhar maior espaço no período pós-niceno, quando as controvérsias cristológicas assumiram novas argumentações em favor da dupla natureza de Cristo sob os teólogos Alexandre de Alexandria, Atanásio e Cirilo de Alexandria.
O desenvolvimento do termo Theotokos
O cristianismo sofreu duras perseguições em seus primeiros anos. A princípio, o Sinédrio, movido pela autorização romana em sua atuação de supervisão civil e religiosa, perseguia os apóstolos e os cristãos primitivos, por não se conformarem com a doutrina cristã.[11] Com o expansionismo do cristianismo, os imperadores romanos enxergaram ameaça nessa nova religião e passaram a perseguir o povo de Deus. Não é a toa que Tertuliano disse que o sangue dos mártires é a semente da Igreja.[12] A liberdade de culto foi somente conquistada durante o governo de Constantino, no início do século IV.
Com a liberdade de culto, as ameaças externas estavam contornadas, mas a Igreja passaria por ameaças internas. Várias vezes houve a necessidade de realizar concílios para tratar de controvérsias cristológicas, que foram muito desgastantes por sinal.
No ano 318 d.C., a Igreja enfrentava um poderoso desafio cristológico. Ário, líder e teólogo de Alexandria, no Egito, afirmou que o logos não é igual ao Pai. Com isso ele queria dizer que Cristo era uma grande criatura, a mais perfeita de todas. Na sua percepção, aceitar Jesus como alguém de mesma substância do Pai, levaria ao politeísmo.[13]
Tudo começou quando Ário atacou os sermões de Alexandre, Bispo de Alexandria, por associá-los às heresias sabelianas. Alexandre respondeu às acusações de Ário por meio de correspondências e sermões. Vendo que não estava obtendo sucesso, convocou um sínodo em Alexandria, mas Ário juntou seus seguidores e marchou pelas ruas com placas contendo os dizeres: “tempo houve em que o Filho não existia”.
Reuniram-se nesse sínodo cerca de 100 bispos do lado oriental do Império. Ário foi deposto e recorreu à ajuda do Bispo Eusébio de Nicomédia. Eles escreveram a posição ariana e enviaram aos Bispos que não participaram do sínodo em Alexandria. Atanásio Reagiu escrevendo uma carta explicando o porquê de Ário ter sido deposto.
A controvérsia trouxe confusão e muitos Bispos ficaram com suas opiniões divididas. Constantino, que buscava um Estado unificado e estável, viu seu império ameaçado por um cisma aparentemente esotérico e resolveu intervir na situação, convocando o primeiro concílio ecumênico em Nicéia no ano de 325 d.C..
O concílio durou dois meses e ortodoxia trinitariana havia vencido a primeira etapa da batalha contra a controvérsia ariana. Alexandre usou em uma de suas defesas da divindade de Cristo a expressão Theotokos (que gera Deus), dizendo: “Nós confessamos a ressurreição dos mortos, o primeiro dos quais foi o nosso Senhor Jesus Cristo, depois de ter tomado o seu corpo de forma real e não na aparência da Theotokos, Maria.”[14]
Com a morte de Alexandre em 328 d.C. Atanásio lhe sucedeu no bispado de Alexandria. Os sabelianos alegaram que o credo niceno apoiava suas ideias modalistas e acabaram influenciando alguns Bispos e conselheiros de Constantino que retrocedeu da decisão do concílio niceno.
Em 323 d.C. Constantino restaurou Ário à sua posição de presbítero de Alexandria. Atanásio se opôs à decisão do imperador e acabou sendo exilado em 335 d.C. para uma cidade alemã, onde permaneceu até a morte de Constantino em 337 d.C..
O sucessor de Constantino, Constâncio, seu filho, era um semi-ariano e privilegiou esse aspecto teológico durante seu reinado. Embora tenha sofrido muitas perseguições, Atanásio conseguiu reunir um sínodo no ano de 362 d.C. em Alexandria e contou com forte apoio dos pais capadócios (Basílio, o grande, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa). Atanásio morreu em 373 d.C. e não pôde ver o desfecho triunfal da ortodoxia no concílio convocado por Teodósio I em Constantinopla no ano de 381 d.C..[15]
Maria, mãe de Deus
Embora o concílio de Constantinopla tenha tido desfecho vitorioso, uma nova controvérsia surgiria meio século depois. Nestório fora empossado como patriarca de Constantinopla em 428 d.C. e achava o termo Theotokos inapropriado para Maria.
Em sua opinião, os termos antropotokos (que gera homem) ou christotokos (que gera Cristo) eram mais convenientes. Ele até preferia o último, por achar que não suscitaria dúvidas sobre Maria e Cristo, pois ele dizia que Deus não pode ter uma mãe e nenhuma criatura poderia ter gerado uma divindade. Maria, portanto, teria gerado o homem, o veículo da divindade, pois seria impossível que Deus estivesse sendo transportado nove meses o ventre de uma mulher, ou que tenha usado fraldas, sofrido morrido e sido sepultado.[16]
O opositor mais ferrenho de Nestório foi Cirilo de Alexandria. Este contra argumentou a posição nestoriana questionando a associação que Nestório fazia entre o logos e um homem comum. Para Cirilo, esta colocação fazia da encarnação uma ilusão, uma questão aparente e palavras vazias, o que afetava, inclusive, a redenção da humanidade em Cristo, visto que seus sofrimentos, bem como atos salvíficos não seriam do Deus encarnado, mas de um homem comum. Cirilo foi ainda mais fundo em sua argumentação. Ele dizia que na eucaristia jazia o corpo de um homem comum, o que levava a uma posição canibalesca.[17]
Nestório e Cirilo trocaram cartas por um período considerável de tempo, mas isso não foi eficaz para solucionar tal controvérsia. Cirilo, então, recorreu ao Imperador Teodósio II, enviou documentos para a família imperial e fez contato com o Papa Celestino em meados de 430, enviando-lhe um dossiê completo sobre as doutrinas nestorianas.
Celestino convocou, então, um sínodo em Roma em Agosto de 430 no qual o título Theotokos foi afirmado. Além disso, uma notificação foi enviada a Nestório estabelecendo um prazo de dez dias após o recebimento da mesma para abjurar de seus ensinos heréticos, caso contrário ele seria excomungado. Houve, ainda, um segundo sínodo, desta vez em Alexandria, onde foi elaborada uma terceira carta contendo 12 anátemas aos ensinos nestorianos.
Mas foi durante o primeiro concílio de Éfeso (431 d.C.) que a expressão Theotokos ganhou, finalmente, seu apoio oficial da igreja romana.[18] Este concílio foi convocado pelo Imperador Teodósio II, a fim de dar um final às controvérsias nestoriana e pelagiana e reafirmou que Cristo é uma pessoa de dupla natureza (Deus completo e homem completo) ao invés de duas pessoas distintas, como ensinava Nestório.[19]
Como se pode ver, o termo Theotokos não foi utilizado inicialmente para dar a Maria uma posição divinal, mas para reforçar a natureza divina de Cristo. Os pensadores patrísticos raciocinavam conforme o seguinte silogismo: “Maria deu à luz a Jesus. Jesus é Deus. Logo, Maria é mãe de Deus”.
Em suma, podemos definir assim os três concílios supracitados: Nicéia afirmou: Jesus é Deus; Constantinopla, por sua vez declarou: Jesus é também plenamente homem; finalmente, Éfeso concluía: Ele é plenamente Deus e plenamente homem, são duas naturezas integradas em uma única pessoa, a saber: Jesus Cristo.[20]
Virgem Maria
Além da veneração outorgada a Maria por parte de alguns teólogos patrísticos, outra doutrina que foi se desenvolvendo foi a de sua suposta virgindade perpétua. De acordo com o dogma romano, Maria teria dado à luz a Jesus sem ter rompido com sua virgindade, permanecendo sem conhecer varão algum desde então.[21] Os irmãos de Jesus seriam na verdade, ou meio-irmãos (filhos de José que era supostamente viúvo)[22] ou filhos de outra Maria.[23]
Nos primeiros séculos surgiram alguns grupos judaizantes em meio ao cristianismo. Um deles, os ebionitas, acreditava que Jesus não veio abolir a Lei e se opunham às doutrinas paulinas. O único livro que consideravam inspirado fora os veterotestamentários, era o “Evangelho segundo os hebreus”, uma versão escrita entre os anos 65-100 no idioma hebraico e comprimida do Evangelho de Mateus.[24]
Os ebionitas negavam não apenas a natureza divina de Cristo, mas seu nascimento virginal. Celso, por exemplo, acusa Maria de ter engravidado de um soldado romano.[25] Eusébio de Cesaréia diz que eles pensavam que, Cristo era um homem simples e comum, justificado à medida que progredia em seu caráter, além de ser nascido da união de um homem (José) e de Maria. Esse grupo traduzia o texto de Isaías 7.14 substituindo a palavra virgem por jovem, uma vez que não aceitavam o nascimento virginal de Cristo.[26]
Uma vez iniciada tal controvérsia, houve a necessidade de combater a heresia ebionita que negava uma doutrina essencial da fé cristã, pois se Jesus fora filho carnal de José, seria um homem comum e pecador como qualquer um de nós, não podendo, portanto, redimir a humanidade e tampouco aplacar a ira de Deus em sua obra expiatória. Destarte, o foco inicial do debate acerca da virgindade mariana não se dava em função de ter ela continuado virgem durante ou depois da conceição de Cristo, mas antes, isto é, sua geração do Espírito Santo e a autenticidade dos relatos evangélicos de Mateus e Lucas.[27]
Assim, surgia uma nova aplicação a Maria, a qual passou a ser designada no início do século IV pelo título aeiparthenos, cujo significado é "sempre virgem", expressão utilizada por Epifânio de Salamina (310-403 d.C.).[28]
Tertuliano (160-220 d.C.) não ensinava a virgindade perpétua de Maria, embora reconhecesse o nascimento virginal de Cristo. Ele havia dito que Maria era “virgem em termos de um marido, não-virgem em termos de dar à luz”.[29] Helvídio contestou a doutrina romana no final da segunda metade do século IV apelando para os escritos de Tertuliano. Em resposta, Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina, negou a autoridade de Tertuliano dizendo que, “eu não tenho nada mais a dizer exceto que ele não era um homem da igreja”.[30]
A virgindade perpétua de Maria ainda hoje é contestada sob argumentos bíblicos e históricos. Eusébio confirma em sua História Eclesiástica que Tiago era irmão do Salvador, filho de José e encontra base escriturística para tal (provavelmente Gl 1.19). Ele também faz menção a Judas Tadeu em outro trecho.[31] Segundo Hegesipo, cronista cristão do século II, Tiago era irmão de Jesus e teve o bispado de Jerusalém sucedido por seu primo Simeão, que era filho de Cleópas, irmão de José (cf Lc 24.18; Jo 19.25).[32]
Nos dias de Agostinho (354-430 d.C.), por exemplo, Maria já havia adquirido tal natureza mística. Ela era reconhecida como uma virgem perpétua. O próprio Bispo de Hipona defendia essa posição baseado numa fraca argumentação de que se o Cristo ressurreto podia atravessar paredes, não havia razão que o impedisse de sair do ventre de Maria sem violá-lo.[33]
Como vimos, a controvérsia nestoriana suscitou o concílio de Éfeso em 431 d.C., mas os problemas cristológicos não foram completamente resolvidos. Os nestorianos acusavam os ortodoxos de cirilianos, dizendo que as afirmações de Cirilo de Alexandria eram superiores às Escrituras. Essa desavença provocou o quinto concílio ecumênico, desta vez em Constantinopla no ano 553 d.C..[34]
Neste concílio as heresias monofisistas, nestorianas e origenistas foram anatematizadas e foram afirmadas as doutrinas da Trindade, da dupla natureza de Cristo, da encarnação do Verbo, dentre outras. Além desses pontos, o termo theotokos foi reafirmado e a doutrina na virgindade perpétua de Maria oficializada em 3 de seus 14 cânones (cf. can. 2, 6 e 14).
A imaculada concepção
O dogma da imaculada concepção é definido pela “Enciclopédia Católica Popular” como um reconhecimento de “que Maria, Mãe de Jesus, foi concebida sem pecado original e cheia de graça, desde o primeiro instante da sua existência”. Esse ensino foi promulgado oficialmente pelo papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854. Em sua bula ineffabilis Deus, ele declarou o seguinte:
“... pronunciamos, declaramos e decidimos, pela autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo e dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo, e por nossa própria autoridade, que a doutrina que refere ter sido a bendita virgem Maria, desde o primeiro instante de sua concepção, e por uma graça e privilégio especiais do Todo-Poderoso Deus, e em atenção aos méritos de Jesus Cristo, o salvador da humanidade, preservada livre de toda a mácula de pecado original, foi revelada por Deus e deve ser, portanto, crida e firmemente sustentada por todos os fiéis”.[35]
Esse dogma, assim como os abordados anteriormente, foi também reflexo de uma evolução doutrinária. Seus primeiros passos são encontrados na teologia patrística, quando alguns homens como Justino Mártir, Irineu e Hipólito, dentre outros, traçavam um paralelo entre Eva e a virgem bendita.
Justino (100-165 d.C.) dizia que Cristo fez-se homem a partir de Maria, “a fim de que, da mesma maneira como surgiu a desobediência que procede da serpente, ela também seja destruída. Pois Eva, quando era virgem e pura, concebeu a palavra da serpente e gerou desobediência e morte”.[36]
Irineu (130-202 d.C.), em sua teoria da recapitulação, traçava um paralelo entre Adão e Cristo até mesmo no nascimento virginal. Assim como o primeiro havia nascido a partir da terra virgem, Cristo nasceu da Virgem bendita[37]. “Mesmo Eva tendo Adão como marido, ela ainda era virgem (...) Ao desobedecer, Eva tornou-se a causa da morte para si e para toda a raça humana. Da mesma forma que Maria, embora tivesse um marido, ainda era virgem, e obedecendo, ela tornou-se causa de salvação para si e para toda a raça humana”.[38] Ele dizia, ainda, que o “nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé”.[39]
Hipólito de Roma (170-236 d.C.) reproduzia rigorosamente a doutrina da recapitulação de Irineu e ensinava que a palavra nasceu da virgem a fim de restaurar e recapitular em si mesma o Adão original.[40]
Tertuliano (160-220 d.C.) disse que, “Deus recuperou, por um desejo de emulação, a sua imagem e semelhança, arrebatadas pelo demônio. Em Eva, virgem, insinuou-se a palavra que gerou a morte. É também numa virgem que devia nascer o Verbo que gerasse a vida, a fim de que a humanidade, perdida pelo sexo feminino, recebesse a salvação por esse mesmo sexo. Eva creu na serpente, Maria acreditou em Gabriel. A falta cometida pela credulidade de uma foi destruída pela fé da outra”.[41]
Ambrósio (340-397 d.C.), em seu comentário ao Salmo 118.22-30 declarou: “Vinde, pois, e descobri vossas ovelhas, não através de vossos servos ou empregados, mas fazei por vós mesmos. Erguei-me corporalmente e na carne, a qual decaiu por Adão. Erguei-me não por Sara, mas por Maria, a Virgem não apenas incorrupta como a Virgem a quem a graça tornou intacta, livre de qualquer mancha do pecado”.
Todavia, foi na escolástica que o dogma foi assumindo o corpo atual. O imperador bizantino Manuel Comneno estabeleceu no ano de 1.166 a festa da “Imaculada Conceição de Maria”. Em 28 de Fevereiro de 1.476, o papa Sisto IV definiu esta festa como universal. Klein, entretanto, diz que esta festa já se situava desde o século VIII.[42]
Alguns teólogos escolásticos (Anselmo, Bernardo, Alberto Magno, Tomás de Aquino e Boaventura) viam dificuldade na ideia da imaculada conceição em função de doutrinas como a universalidade do pecado depois de Adão e a universalidade da redenção efetuada por Cristo. Seus questionamentos eram pertinentes: “se todos nascem com a mancha do pecado original, como retirar a Mãe de Jesus do meio do comum dos mortais?”.
Tomás de Aquino (1.225-1.274 d.C.) iniciou sua jornada católica defendendo tal posicionamento, pendeu para o contrário no meio de sua vida (por volta de 1.254-1.272), mas no final de sua carreira retornou ao pensamento favorável à imaculada concepção de Maria. Ele declarou em sua Expositio super Salutatione angelicae, escrita por volta do ano de 1.273: “Ela é, pois, puríssima também quanto à culpa, pois nunca incorreu em nenhum pecado, nem original, nem mortal ou venial”.[43]
A Enciclopédia Católica Popular relata que, a doutrina em questão teve seu “aceite depois da argumentação de Duns Escoto”, um monge escocês que viveu entre 1.265-1.308 d.C.. Ele também se deparou com as mesmas dificuldades dos teólogos supracitados, mas declarou que, “se não está em contradição com a autoridade da Igreja e da Escritura, me parece provável atribuir a Maria o que é melhor”.[44] Para ele, “[um] bem maior foi pelo Mediador outorgado a ela quando ela foi preservada do [pecado] original do que se ela tivesse sido posteriormente santificada e purificada”.[45]
Koser confirma e complementa que, “Duns Scoto não legou à posteridade uma Mariologia pronta. Enunciou princípios, indicou caminhos, delineou fragmentos, deu orientação, acumulou os mais fecundos estímulos. É preciso prosseguir no seu espírito e no seu método”.[46]
Após a bula papal emitida por Pio IX em 8 de dezembro de 1854, declarações marianas sobre sua imaculada concepção tornaram-se mais explícitas. Karl Rahner dizia que o nascimento sem mácula de Maria era apenas um capítulo da doutrina da redenção. Edward schillebeeckx dizia que apesar de Maria estar isenta do pecado original, sofreu à semelhança de Cristo, algumas consequências do mesmo (passibilidade e morte). Carlos Ignácio Gonzales declarou que Maria foi preservada do pecado, ao passo que nós somos perdoados.[47]
A assunção de Maria
As doutrinas até aqui abordadas, veneração, mãe de Deus, virgindade perpétua e a imaculada concepção formaram o quadrilátero romano acerca de Maria. Entretanto, com a formalização de outro dogma controvertido, a infalibilidade papal, mais uma doutrina mariana seria incluída no compêndio dogmático romano: a assunção de Maria.
A infalibilidade papal foi promulgada na quarta sessão do concílio Vaticano I (18 de Julho de 1.870). A assunção de Maria, por sua vez, foi definida dogmaticamente pelo papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 na constituição apostólica Munificentissimus Deus sob a alegação do exercício da infalibilidade papal.
O papa Pio XII promulgou o dogma defendendo-o não historicamente ou escrituristicamente, mas baseado em uma suposta “revelação”:
“(...) para a glória de Deus onipotente, que outorgou sua particular benevolência à Virgem Maria, para honra de seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte (...) pela autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventuados apóstolos Pedro e Paulo e nossa, proclamamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado: que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrestre, foi assunta de corpo e alma à glória celeste”.[48]
O Rev. Hernandes Dias Lopes conta que a tradição da assunção de Maria era de que, à semelhança de Cristo, ela teve seu túmulo encontrado vazio pelos apóstolos quando se reuniram no terceiro dia após sua morte. O corpo dela teria sido levado para o paraíso celestial, sendo levado pelo próprio Jesus. A entrada dela no céu foi triunfante, com hinos entoados por toda a corte dos céus. Era um coro de exultação! O salmo24 foi até adaptado para a mãe divinal e o coro entoava: “Levantai-vos as vossas portas, ó príncipes, levantai-vos, ó portas eternas, para que a rainha da glória possa entrar”.[49]
Como bem observou o teólogo Max Thurian, a infalibilidade papal era, até o momento da promulgação da assunção de Maria, “uma questão teórica, porque o papa não tinha feito uso algum desse poder, pois se julga um poder pelo uso que dele se faz. A recente promulgação revela o modo magistral e significativo até onde aquele poder pode levar a Igreja Romana: até a afirmação de uma doutrina sem fundamento histórico”.[50]
Desde então, Maria assumiu uma tendência maximalista e explicitamente mariolátrica na visão católico-romana. O Padre Gabriel Roschini, por exemplo, chegou a declarar que, o Filho é mediador, a mãe, medianeira, o Filho é Redentor, a mãe, co-redentora, o Filho, é “Onipotente pela natureza”, a mãe, por sua vez, é “onipotente pela graça”.[51]
A posição protestante
Ao contrário do que muitos pensam os reformadores não trouxeram nenhum repúdio em relação às doutrinas marianas. Em alguns casos eles se pronunciaram, em outros se silenciaram.
Lutero, por exemplo, referiu-se a Maria por mais de dez vezes como santa, virgem ou doce mãe de Deus em seu comentário sobre o Magnificat, além de chama-la de virgem imaculada. Ele aceitou a doutrina da virgindade perpétua de Maria e entendia que os irmãos de Jesus eram, na realidade, primos. Ainda no comentário ao Magnificat, Lutero concordou com a invocação de Maria e dos santos e a intercessão. Sobre as festas da igreja, Lutero manteve a da Anunciação, Visitação e Purificação, os domingos, a de São João Batista, a de São Miguel, a dos apóstolos e a de Maria Madalena.[52]
Apesar disso tudo, Lutero declarou que, mesmo Maria sendo considerada Rainha dos céus, “nem por isso é um ídolo que pudesse algo ou ajudar a alguém como creem alguns que clamam mais a ela do que a Deus e nela buscam refúgio”.[53]
O colaborador de Lutero, Philipp Melanchthon, aprovava a prática de honras aos santos através de ações de graça, cultos e imitação. Para ele, tanto Maria quanto os santos e os anjos oram pela igreja universal, embora não achasse necessária a invocação dos mesmos. Na visão de Melanchthon, Maria é “digna dos mais excelsos louvores”.[54]
Zwinglio achava correta a aplicação do termo Theotokos a Maria, pois o salvador de todos os homens “nasceu da santa e pura Virgem Maria”. Ele também acreditava em sua virgindade perpétua e alegava que os “irmãos” de Jesus eram na verdade parentes consanguíneos próximos. Maria teria se mantido “sempre virgem pura e intacta”. Também aceitava, aparentemente, o conceito de que ela fosse imaculada. Ele conservou as festas marianas e manteve a primeira parte da reza Ave Maria em sua liturgia.
Zwinglio, entretanto, foi mais veemente em suas críticas relacionadas às deturpações da veneração a Maria, rejeitando práticas de adoração e invocação, do que os demais reformadores. Para ele, a verdadeira veneração era voltar-se para os pobres. Em certa ocasião, Zwinglio fez uma declaração crítica sobre as posturas que ele rejeitava e simulou uma fala como se fosse da própria Maria.[55]
“Seja qual for a honra que eu tenha, ela não é minha. Deus, em sua graça, enriqueceu-me assim, de forma que sou uma criada e uma mãe de toda a raça humana. Não sou nenhuma deusa nem a fonte da bondade; somente Deus é essa fonte (...) Eu sou apenas uma testemunha de meu filho, para que vocês possam ver quão certamente a salvação está nele”.[56]
À semelhança dos demais reformadores já citados, Bullinger também aceitava o título de mãe de Deus, a virgindade perpétua e a assunção de Maria. Sobre esta última doutrina, Froschauer, um de seus amigos, declarou: “por esta razão, acreditamos que a Virgem Maria, Genitora de Deus, a mais pura pousada do Espírito Santo, isto é, o seu santíssimo corpo, foi levado para o céu pelos anjos”. [57]
Sobre Calvino, Barth observa que ele reconhece a legitimidade do título mãe de Deus, embora o adote com menor frequência. Calvino também não era avesso ao louvor à virgem, entretanto, exortava que se fizesse de uma forma correta: “Vamos aprender a louvar a santa virgem?” Pergunta ele. A maneira correta seria “seguindo o Espírito Santo, e então haverá os louvores verdadeiros”.[58]
Gaventa e Rigby reforçam o que já abordamos. Segundo eles, a imagem de Maria na ortodoxia protestante tomaria outro rumo. O interesse protestante é mais amplamente convertido para o milagre do nascimento virginal. Como resultado, os contornos da figura de Maria tendem a desaparecer por trás da imagem da Virgem Mãe de Jesus. Embora Calvino não tenha achado necessário manter a virgindade perpétua de Maria, ele aconselhou contra uma especulação ímpia sobre o assunto. Lutero, Zwinglio e outros reformadores insistiram que Maria permaneceu virgem mesmo depois do nascimento de Jesus. Esta mesma opinião foi endossada por Bullinger e inscrita na segunda Confissão Helvética.[59]
John Wesley escreveu uma carta dizendo: “creio que Ele [Jesus] foi feito homem, ligando a natureza humana à divina, numa única pessoa, tendo sido concebido pela extraordinária atuação do Espírito Santo e nascido da abençoada virgem Maria que, tanto antes, como depois de o ter concebido, continuou virgem pura e imaculada”.[60]
É difícil precisar quando o protestantismo rompeu com as concepções católico-romanas sobre Maria. Jean-Paul Gabus sugere que esse divórcio tenha começado por volta do século XVIII em virtude de duas razões: 1) a aplicação do método histórico-crítico na exegese bíblica e 2) o puritanismo que reprime toda referência à sexualidade e ao arquétipo feminino.[61]
Talvez a repulsa pelas doutrinas marianas que encontramos no protestantismo atual tenha suas origens na opinião da ala radical da Reforma. Menno Simons não concebia a ideia de que Cristo havia recebido a natureza humana de Maria, pois em seu entendimento, isso faria com que Jesus fosse contaminado pelo pecado original.
Para os católicos a solução era prática: Maria fora gerada sem pecado (imaculada concepção). A posição reformada, por sua vez, sustentava que o Espírito Santo havia purificado miraculosamente a semente de Adão, de forma que Jesus estava livre do pecado original. Simons, entretanto, negava ambas as posições e acabou defendendo uma opinião um tanto controversa sobre a encarnação do Verbo. Para ele, o próprio Cristo havia trazido seu corpo do céu.[62]
Embora o protestantismo (incluindo os menonitas) não coadune com a posição de Simons sobre a encarnação de Cristo, temos nele o primeiro rompimento de uma doutrina mariana. A imaculada conceição não tinha mais seu espaço inquestionável e isso abriria as portas para novos questionamentos acerca dos dogmas de Maria no futuro.
Considerações finais
Podemos concluir, biblicamente, que Maria foi abençoada por Deus (Lc 1.42,48). Isso não quer dizer que ela o foi acima de todas as mulheres, mas dentre todas as mulheres. Em outras palavras, ela foi diferenciada em meio às demais ao invés de distinta ou superior, e por isso foi a escolhida de Deus.[63]
O protestantismo nunca negou a importância de Maria, apenas nunca permitiu que ela usufruísse uma posição exclusiva do Messias. Aliás, nem mesmo ela esforçou-se para receber tais homenagens, usurpar o lugar de Cristo ou ostentar títulos que se lhe não cabiam. As heresias marianas tomaram corpo controvertido de forma silenciosa. Iniciaram num propósito ortodoxo, mas assumiram uma substituição do alvo central do cristianismo.
Temos um exemplo bíblico de um episódio semelhante. Enquanto o povo israelita peregrinava pelo deserto foram acometidos por picadas de serpentes abrasadoras. Deus ordenou que o povo erigisse uma serpente de bronze a fim de que o povo olhasse para ela e fosse curado (Nm 21). Entretanto, vários anos após esse episódio, a serpente que teve uma finalidade específica nos dias de Moisés tornou-se alvo de adoração, sendo destruída no período de reavivamento do reinado de Ezequias (2 Rs 18.1-4).
Quanto às heresias, não temos dúvidas de que Maria manteve-se virgem (tanto no sentido de se relacionar sexualmente quanto na concepção do Filho de Deus) até o nascimento de Jesus (Mt 1.18-25). Ela é Theotokos no sentido de que Jesus é Deus, o que não lhe dá nenhuma honra divinal. Não pode ser intercessora porque há apenas um mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Era tão pecadora e necessitada da graça divina quanto qualquer um de nós. Não é digna de nenhum grau de latria, dulia e/ou hyperdulia, Soli Deo Gloria!
Apesar de tudo isso, Maria continua a ser um exemplo de piedade e obediência a Deus. É um grande modelo para as mulheres da atualidade em sua devoção a Cristo, bem em como ser uma esposa fiel e mãe cuidadora de seu lar. Nós até a obedecemos: “Fazei tudo quanto ele [Jesus] vos disser” (Jo 2.5).
Notas
[1] 1 Clemente 5.4.
[2] Hermas, Visions 3.1.9;3.2.1
[3] Cipriano, Eppistolae 12.2; 39.3; 60.5.
[4] Orígenes, Iesu nave 16.5.
[5] Orígenes, De Oratione XIV.
[6] Crisóstomo, Adversus Ludaeos 8.6.
[7] Gregório de Nazianzo, Orationes 18.4.
[8] Jerônimo, Adversus Vigilantium 6.
[9] Documentos Concílio Vaticano II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, VIII, IV, 66.
[10] KELLY. J. N. D. Patrística: origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã. Vida Nova, 1994, p. 375.
[11] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos: uma história da Igreja Cristã. Vida, 1995, pp. 46, 70.
[12] Ibid, p. 20.
[13] OLSON, Roger. História das Controvérsias da Teologia Cristã. Vida, 2004, p. 190.
[14] Alexandre de Alexandria, Epistula ad Alexandrum 18, 568.
[15] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã. Vida, 2001, pp. 141-200.
[17] Ibid, p. 240.
[18] Ibid, pp. 244-252.
[22] Proto-Evangelho de Tiago Caps. 7-8.
[23] Catecismo da Igreja Católica, item 501. Disponível em: http://www.vatican.va/archive/ccc_css/archive/catechism/p122a3p2.htm. Acesso em 01 de Outubro de 2013.
[24] GEISLER, Norman; NIX, Willian. Introdução Bíblica. Vida, 2006, pp. 119-122.
[25] GONZALES, Justo L. Uma história Ilustrada do Cristianismo: a era dos mártires até a era dos sonhos frustrados. Volume I. Vida Nova, 2011, p 59.
[27] BROWN, Raymond Edward (Ed.). Mary in the new testament. Paulist Press, 1978, pp. 267-277.
[28] DEISS, Lucien; BEAUMONT, Madeleine. Joseph, Mary, Jesus. Liturgical Press 1996, p. 30.
[29] BROWN, Raymond Edward (Ed.). Op. Cit., p.271.
[30] LAWLER, T. C.; BURGHARDT, Walter J.. QUASTEN, Johannes (Ed.). Tertullian, Treatises on marriage and remarriage. Paulist Press, 1951, p. 160.
[31] CESAREIA, Eusébio de. Op. Cit., 41-42, 110-111, 47-49.
[32] Ibid, 93-94.
[33] AGOSTINHO, Aurelio. Sermones 191.2.
[34] ALBERIGO, Giuseppe (Ed.). História dos Concílios Ecumênicos. Paulus, 1995, pp. 123-135.
[35] SCHAFF, David S. Nossa crença e a de nossos pais. Imprensa Metodista, 1964, p.408.
[37] Ibid, p. 129.
[38] Irineu de Lyon, Adversus haereses 3.22.
[39] Ibid, III, 22.4.
[41] Tertuliano, Enchiridion, n° 358.
[42] KLEIN, Carlos Jeremias. Maria na Teologia e na História da Igreja. Fonte Editorial, 2012, p.123.
[43] Tomás de Aquino, Summa Theologiae III, q27, a4, c.
[44] SCOTO Apud PAREDES, José C. R. Garcia. Mariologia: síntese bíblica, histórica e sistemática. Ave Maria, 2011, p. 262
[45] SCOTO Apud KLEIN, Carlos Jeremias. Op Cit., p.123.
[46] KOSER, Constantino. O pensamento franciscano.Vozes, 1998, p.72.
[47] KLEIN, Carlos Jeremias. Op Cit., p.125.
[48] Ibid, p. 126.
[49] LOPES, Hernandes Dias. O Papado e o Dogma de Maria à Luz da Bíblia e da História. Hagnos, 2005, p.109.
[50] THURIAN, Max. Le Dogme de I’Assomption, in Vero Caro, Vol. V. Edizioni Marianum, 1950, p.11.
[51] ROSCHINI, Gabriel. Instruções Marianas. Edições Paulinas, 1960, p. 16.
[53] Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 6. Sinodal, 1996, p. 50.
[55] Ibid, pp. 101-105.
[56] ZWINGLIO Apud TIMOTHY, George. Teologia dos Reformadores. Vida, 1994, p. 131.
[58] BARTH APUD KLEIN, Ibid, p. 107.
[59] GAVENTA, Beverly Roberts; RIGBY, Cynthia L. (Ed.). Blessed one: Protestant perspectives on Mary. Westminster John Knox Press, 2002, p.119.
[60] The Letters of John Wesley, Vol. III, pp. 7-14.
[61] GABUS Apud DE FIORES, Stefano. Maria, Síntesis de Valores. Ediciones San Pablo, 2011, p.467.
[62] TIMOTHY, George. Op. Cit., pp. 278-282.
Boa noite , não sei se será visualizado porém deixo registro do que li entendi e faço questão comentar.
ResponderExcluirConheço a história aqui citada e se notar é publicamente a evolução natural , porém salamente a escritura fica difícil ,como você mesmo relata é da história do nosso cristianismo que falamos , onde simplesmente simplificar não dará a continuidade da história e sim deturparção.
Maria é considerada por todos os cristãos primitivos a virgem perpétua e não faz sentido questionar isso 2000 anos depois , é como se quisemos reinventar uma história mais que não é nossa mais de Cristo , crer na forma que católicos e ostros protestantes acreditam não faz mal , isso só nos faz mais irmãos , brigar por fundamentos já discutidos e tratados é indelicado com aqueles que fizeram chegar a história até nós .
Sou católico e a nossa luta atual não é mais pelo certo ou errado e sim pela unidade de cristãos defender idéias diferentes e dizer que isso é reforma evangélica traz problemas sérios esse direito de questionar tudo sem defender nada dos cristãos antigos ,trazendo desunião entre nós mesmos , não é de cristo , ele disse que seríamos conhecidos pela forma que nos amamos , os problemas dessa doutrina arbitrária evangélica está aí para todo mundo ver , o casamento cristão é um e para sempre ( quantas igrejas recasam divorciados), batismo ( igrejas batizam crianças outras não), o problema da sucessão apostólica os sacerdotes cristão perdem a sua linhagem do sacerdócio de melquisedeque, a escatologia defendida por uns de uma maneira e de outros de outra. Irmão o que quero dizer é que este erro de desacreditar e de duvidar e de não aceitar o que já está defino a séculos é bobagem Maria é intercessora entre nós e Deus , afinal Jesus é a segunda pessoa da santíssima trindade , dar este mérito a ela não é exagerar mais dar legalidade ao que você mesmo fala no texto acima não dá para separar o humano do divino na pessoa de cristo ,pois se negarmos qualquer parte da sua natura divino-humana estaremos negando que ele é Deus, o que falta é coragem de assumir posições de forma que se admita que os evangélicos erram ao não assumirem a raiz de onde vieram rebeldia não leva a nada a apenas divisão , muitos estão até hoje se dividindo mais não percebem ou não querem assumir a responsabilidade de estarem dando legalidade a qualquer homem de mudar a nossa história a crista verdadeira , perceba que você usa termos nos textos dos cristãos antigos falando sobre concílios , onde os cristãos se reuniam , hoje basta um homem se levantar contra todos e funda uma igreja.
Para finalizar creio que assim como o Espirito Santo fez a igreja crescer positivamente em maturidade enviando homens de Deus que reformaram a igreja contribuindo para o diálogo , fará o caminho de volta a estes irmãos separados ( evangélicos ) fazendo com que nasça um sínodo evangélico para melhor definir e unificar os pensamentos de preferençia sem medo de reconhecer e quem sabe corrigir erros históricos, não tema os cristão católicos jamais adorarão as imagens e nem muito menos a maria , eles apenas são antigos e não tinham os recursos de hoje para divulgar a fé com tanta facilidade . Do mais que Deus te fortaleça no seu ministério e seja defensor e propagador do verdadeiro evangelho .