Ap 2.1-7 – “Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres. Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.”
Nas próximas semanas investirei meu tempo em estudar as cartas de Jesus enviadas às igrejas da Ásia. Como estamos estudando em série esse assunto na nossa congregação, acho interessante aproveitá-lo aqui e dissecar ao máximo para nossa compreensão. Essas cartas estão registradas nos capítulos 2 e 3 do livro das Revelações, o Apocalipse. O livro em questão, tem sofrido vários pontos de vista de interpretação, tais como o preterista, histórico, futurista, simbólico e eclético. Entretanto, não há como desconsiderar a aplicação contemporânea dessas cartas, escritas por João e ditadas por Jesus (Ap 1:10,11). Que o Senhor nos abençoe nessas 7 próximas meditações.
Podemos observar que, todas elas embora possuam suas particularidades, possuem também similaridades. a) Todas elas são dirigidas “ao anjo da igreja” (o pastor). b) possuem uma descrição abreviada dAquele que as envia, a saber, o Cristo. c) Jesus afirma a todas “Sei” (2.2,9,13,19; 3.1,8,15). d) possuem ou uma palavra de louvor ou de censura. e) O Messias lembra de Sua vinda e o que há de acontecer conforme a conduta de cada pessoa. f) A cada igreja é repetido “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. g) Há ainda promessas aos vencedores do bom combate da fé, dizendo “ao que vencer...”.
A primeira carta é dedicada a Éfeso, cidade mais importante da província romana da Ásia. Foi situada perto do mar Egeu. Duas estradas importantes cruzaram essa cidade, uma seguindo a costa e a outra continuando para o interior, passando por Laodicéia. Assim, Éfeso teve uma localização importantíssima de contato entre os dois lados do império romano (a Europa e a Ásia). Historiadores geralmente calculam a população da cidade no primeiro século entre 250.000 e 500.000. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana.
No final de sua segunda viagem, Paulo deixou Áqüila e Priscila em Éfeso, onde corrigiram o entendimento incompleto de Apolo sobre o caminho do Senhor (Atos 18:18-26). Na terceira viagem, Paulo voltou para Éfeso, onde pregou a palavra de Deus por três anos (Atos 19:1-41; 20:31). Na volta da mesma viagem, passou em Mileto e encontrou-se com os presbíteros de Éfeso (Atos 20:17-38). Durante os anos na prisão, Paulo escreveu a epístola aos efésios. Também deixou Timóteo em Éfeso para edificar os irmãos (1 Timóteo 1:3).
Desde o início, houve a necessidade de examinar doutrinas e aceitar somente o que Deus havia revelado. Assim, Áqüila e Priscila ajudaram Apolo (Atos 18:26); Paulo advertiu os presbíteros do perigo de falsos mestres entre eles (Atos 20:29-31), e orientou Timóteo a admoestar os irmãos a não ensinarem outra doutrina (1 Timóteo 1:3-7). A carta de Paulo aos efésios destacou a importância do amor (5:2), um tema frisado, também, nesta carta no livro do Apocalipse.
1. Pontos positivos
1.1. Boas obras: Embora saibamos que as obras não possuem poder salvífico e que não são um fim em si mesmas, fazem parte da vida de todo cristão. O contraste Fé x Obras ainda hoje é discutido e muitas pessoas interpretam de forma equivocada. De fato, a salvação não vem por obras, para que ninguém se glorie e sim mediante a Graça, o favor imerecido de Deus. Se fosse por obras, as pessoas diriam que mereceriam gozar da vida eterna porque ajudaram isso, aquilo, esse ou aquele. Se fosse mediante obras, teríamos que conviver eternamente com ateus ou até mesmo adeptos de ocultismo no mesmo céu, somente porque fizeram obras filantrópicas. Se fosse mediante obras, muitas pessoas se achariam com mais direito que outros por terem auxiliado mais em suas condições (Ef 2.8,9). A salvação vem através do sacrifício vicário de Cristo na cruz do calvário, onde Ele levou sobre si os nossos pecados. Acreditar que obras podem fazer algo em nosso favor descarta o sacrifício de Jesus e dá poder ao homem para auto salvar-se. Apesar de obras não salvarem, devem fazer parte do nosso cotidiano cristão. É um fruto do Espírito (Gl 5.22) e é uma amostra conseqüente daquele que nasceu de novo. Nossa nova natureza em Cristo leva-nos a praticar um de Seus atributos a bondade. Por isso é que Tiago diz que a fé sem obras é morta, pois todo salvo naturalmente precisa ser bom (Tg 2.14-26). Aquela Igreja é elogiada por Jesus em função de suas boas obras, um grande contraste com a Igreja do século XXI que é egoísta e amante da prosperidade.
1.2. Trabalhadora: Se por um lado alguns ministérios exageram no ativismo religioso e acabam enchendo seus fiéis de tarefas locais, Éfeso trabalhava na Seara do Senhor. O verdadeiro papel da Igreja é missionário, a tarefa genuinamente bíblica para o Corpo de Cristo é anunciar as Boas Novas. Foi para isso que Jesus prometeu derramar poder sobre a Igreja, para sermos testemunhas locais, regionais, nacionais e mundiais (At 1.8).
1.3. Perseverantes: Mesmo sendo perseguida não negou o Nome de Jesus e não desfaleceu. Podemos ler na carta de Paulo aos efésios que nossa luta não é contra carne ou sangue, ou seja, contra as pessoas que tentavam paralisar a obra missionária, contra governantes, autoridades e outros grupos religiosos. A batalha é espiritual, contra principados e potestades que cegam o entendimento dos incrédulos (Ef 6.12; 2 Co 4.4). Anunciar o Evangelho não é fácil, mas precisamos ser perseverantes e não entregar os pontos jamais, afinal, as portas do inferno não prevalecem contra a Igreja (Mt 16.18).
1.4. Sede de Justiça: Eles não suportavam os maus. É incrível como muitas pessoas se zangam quando analisamos falsas doutrinas. Ensinos anti-bíblicos quando analisados são levados para o lado pessoal e muitos chegam a descer o nível para defender cegamente uma seita ou uma heresia. Quando percebemos que alguns falsos mestres têm introduzido ensinos totalmente distorcidos, seus seguidores deixam de lado a Bíblia e preferem ficar com o que o “doutor da Lei” diz. Não podemos achar graça nos falsos ensinos e falsos mestres que têm feito da fé de ovelhas indefesas um negócio, não podemos suportar os maus (Mt 5.6; 1 Co 13.6). A Igreja deve tomar cuidado com os falsos mestres e rejeitar seus ensinos (Rm 16.17,18; Tt 3.10,11).
1.5. Apologética: No meio dos pontos positivos, Jesus levanta dois elogios pela batalha doutrinária. Ele comenta sobre os falsos apóstolos (ver artigo “Existem Ainda Apóstolos nos dias de hoje?” postado em Agosto de 2011 aqui no blog) e um grupo herético chamado de nicolaítas. O primeiro grupo era colocado à prova através de seus ensinos e foram achados mentirosos e o último tinha suas obras repudiadas e aborrecidas. Não queremos com isso dizer que estamos com a temporada de caça às bruxas aberta, mas que é mister que todo crente analise os ensinos que são propagados no arraial evangélico. Precisamos ser como os bereanos que analisavam cautelosamente os ensinos de nada menos que o Apóstolo Paulo (At 17.10,11). Aliás, o mesmo Apóstolo Paulo nunca se chateou por isso, ele mesmo ensinou aos gálatas que se ele mesmo, outro pregador ou até mesmo algum anjo ensinasse outro Evangelho, que este deveria ser anatematizado (Gl 1.8). O mesmo Paulo disse aos anciãos de Éfeso que cuidassem do rebanho de Deus, pois entrariam lobos cruéis com doutrinas perversas (At 20.28-30). Enfim, é importante que a Igreja tenha em mente a importância do crescimento sadio e qualitativo, e para isso, precisamos batalhar pela fé que uma vez nos foi dada (Jd 3).
2. Pontos negativos
2.1. Deixou o primeiro amor: Não foi repreendida por problemas doutrinários, mas porque deixou para trás o primeiro amor. Talvez na ânsia pelo conhecimento, permitiram que a soberba adentrasse em seus corações (Ec 1.16; 1 Tm 1.3-7) e passaram a ser insensíveis. O primeiro amor é aquele em que o cristão tem prazer em estar no culto, recebe as coisas com alegria, ora com entusiasmo, exercita e exerce a fé com total convicção e plena certeza, caminha milhas para alcançar um perdido, trabalha com carinho na Obra de Deus, dentre varias outras coisas, a lista é grande. Muitos quando perdem o primeiro amor vão para as reuniões de sua igreja para cumprir um mero formalismo, quando não, por obrigação ou religiosidade. Eles haviam deixado o primeiro amor para trás e precisavam recuperá-lo.
3. Conselhos
3.1. Lembra-te de onde caíste: O que fez o filho pródigo voltar para a casa do Pai? Não foi a comida ruim que estava se alimentando e nem mesmo a tristeza por ter perdido tudo. Foi a lembrança da casa de seu Pai. Semelhantemente, Jesus exorta a Igreja a se lembrar de como era a vida espiritual antes, durante o primeiro amor.
3.2. Arrepende-te: Quando Jesus mostra-nos a verdade nunca é com o intuito de ferir ou de meramente apontar nossos erros. Seu objetivo é conduzirmos ao verdadeiro arrependimento. Há diferença entre arrependimento e remorso. Basta compararmos a atitude de Pedro e a de Judas Iscariotes. Este, simplesmente se entristeceu pelo o que havia feito, devolveu as moedas, mas decidiu se matar. Aquele, deu a volta por cima, recebeu o perdão de Deus e tornou-se um grande missionário. A tristeza de Deus gera em nós o verdadeiro arrependimento, já a tristeza do mundo gera morte (2 Co 7.10); O conselho divino é que não pequemos, devemos fugir e evitar o mal ao máximo, todavia, se por acidente errarmos o alvo, temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo o Justo, o qual lhe dirá: “vá e não peques mais” (Pv 28.13).
3.3. Volta às primeiras obras: Lembrando daqueles momentos, os irmãos efésios poderiam ter o parâmetro de qual era o desejo de Deus para suas vidas e assim voltar às primeiras obras. Caso você amado leitor esteja longe do primeiro amor, lembre-se de onde caiu, arrependa-se, volte às primeiras obras e deixe Deus te usar!!!
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