2 Cr 18:6,7 – “Disse, porém, Josafá: Não há aqui ainda algum profeta do Senhor a quem possamos consultar? Ao que o rei de Israel respondeu a Josafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor; eu, porém, o odeio, porque nunca profetiza o bem a meu respeito, mas sempre o mal; é Micaías, filho de Inlá”.
Uma das coisas que a Igreja menos tem se preocupado no tempo em que estamos é com a Apologética. Segundo James Strong¹, Apologética vem do grego apologeomai que significa 1) defender-se, apresentar defesa própria, 2) defender uma pessoa ou uma coisa, 3) prestar relatório completo de, 3a) calcular ou considerar bem, 4) defesa verbal, discurso em defesa ou 5) uma afirmação ou argumento raciocinado
O pastor Antônio Pereira da Costa Júnior², Co-Pastor da 1ª. Igreja Congregacional em St a Cruz do Capibaribe diz o seguinte a respeito do assunto:
“Para a maioria das pessoas os termos: seita, heresia, apologética, etc, é de difícil elucidação e trazem, na maioria das vezes, confusões e discrepâncias. Talvez por falta de informação e formação teológica, muitos líderes estão ministrando heresias destruidoras no seio da igreja cristã. Isso é deveras preocupante. Termos como: conversão, arrependimento, regeneração, justificação, propiciação, dentre outros, estão sendo substituídos por: decretar, maldição, reivindicar, apossar-se, tomar posse da bênção etc (...) Mas, afinal, o que significa as palavras seita e heresia? Ambas derivam da palavra grega “háiresis” , que significa escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola, etc. A palavra heresia é adaptação de “háiresis” . Quando passada para o latim, “háiresis” virou “secta” . Foi do latim que veio a palavra seita. Originalmente, a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de seita (At 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os líderes judaicos viam os cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do judaísmo. Com o tempo, “háiresis” também assumiu conotação negativa, como em 1Co 11.19; Gl 5.20; 1Pe 1.1-2. Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se a um grupo de pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo. Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita.”.
Escutamos muitas pessoas dizerem que não devemos julgar, entretanto, não é bem assim que Jesus ensinou. Quando Ele disse que não devemos julgar para não sermos julgados estava se referindo à hipocrisia de pessoas as quais reparavam no argueiro do olho de outrem sendo que possuíam uma trave no seu (Mt 7:1-5). No mesmo capítulo Ele segue dizendo que precisamos estar atentos, quando ensinou: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:15,16a). Ora, como poderíamos conhecer um falso profeta, senão julgando suas obras e o que prega?
O Apóstolo Paulo disse aos Tessalonissenses: “Julgai todas as coisas, retende o que é bom"(1 Ts 5:21). O Apóstolo João aconselhou: “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (1 Jo 4:1). O gnosticismo havia se levantado e seus adeptos defendiam que a posse de conhecimentos secretos (a combinação da filosofia pagã, alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do Cristianismo) tornava-os superiores aos cristãos comuns que não tinham o mesmo privilégio. Ademais, diziam que, embora Cristo parecesse ser um homem, nunca assumiu um corpo físico; portanto, não foi sujeito às fraquezas e emoções humanas. Afirmavam veementemente que Jesus não veio em carne. Diante desses falsos ensinamentos, João conclui seu conselho apologético dizendo: “Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo” (1 Jo 4:2,3).
O autor da carta aos Hebreus mostra a importância de estarmos bem alimentados pela Palavra de Deus, pois muitos crentes não crescem no processo espiritual, ficando sem discernir entre o que é realmente de Deus e o que é heresia: "Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal" (Hb 5:13, 14).
Concordo com a sugestão do Dr. Paulo Romeiro³ em seu livro “Evangélicos em Crise”:
“Creio ser muito útil também que as igrejas realizem periodicamente seminários de atualização sobre seitas e movimentos religiosos controvertidos. Os que participam de tais eventos serão vacinados contra as heresias que abundam hoje e o rebanho do Senhor ficará mais protegido doutrinariamente”.
Josafá julgou a profecia dos 400 homens consultados por Acabe. Não satisfazendo-se com a profetada em grupo perguntou: “ Não há aqui ainda algum profeta do Senhor a quem possamos consultar? (2 Cr 18:6)”. Como aqueles falsos profetas, muitos homens hoje têm pregado apenas o que a massa quer ouvir e estão negociando a Palavra do Senhor, declinando em heresias como a “Teologia da prosperidade”, “Confissão Positiva”, “Maldições Hereditárias”, dentre tantas outras.
Precisamos lançar fora a “síndrome de Acabe” e resgatar a prática que rendeu elogios à igreja em Beréia, os quais “eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim” (At 17:11).
¹ STRONG, James. Dicionário Bíblico Strong. Baurueri: SBB, 2002.
² JUNIOR, Antônio Pereira da Costa. Deus e as novas heresias da Igreja Evangélica.
³ ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em Crise. São Paulo: Mundo Cristão, 1.999.
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