Gn 4.1-7 – “Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão. Tornou a dar à luz a um filho, chamado Abel, irmão de Caim. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante? Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.”
Introdução
Cada pessoa na Bíblia nos traz ensinamentos em seus pontos fortes e em seus pontos fracos e isso não é diferente com os irmãos Caim e Abel. Nesta lição abordaremos esses personagens da Bíblia Sagrada e avaliaremos o que fizeram que agradou e o que não agradou a Deus, a fim de aplicarmos em nossas vidas.
1. Aprendendo com Abel
Abel tinha como ocupação a atividade de pastorear ovelhas ao passo que seu irmão Caim era lavrador. Alguns pontos chamam nossa atenção em sua vida:
1.1 A oferta de Abel
Qual foi o diferencial da oferta de Abel? Por que Deus não atentou para a oferta de Caim? Essas perguntas já foram palco de inúmeros debates e teorias. Alguns dizem que a oferta de Abel era melhor que a de Caim porque este havia ofertado frutos estragados. Outros dizem que sua oferta foi rejeitada porque havia entregue do fruto da terra e já que esta fora amaldiçoada, Deus não aceitaria (Gn 3.17). Outros defendem ainda que o correto seria uma oferta que derramasse sangue, pois sem derramamento de sangue não há remissão (Hb 9.22b). Embora as duas últimas teorias possuam grande lógica, a Bíblia não deixa isso explícito. Podemos ler em Hb 11.4 que foi pela fé que “Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim” (Hb 11.4). O mesmo autor da carta aos hebreus declara que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6), motivo pelo qual Caim não conseguiu.
1.2 A fé de Abel
Abel agradou mais a Deus através de sua fé. Se ofertarmos algo a Deus (nosso tempo, nossos talentos, nossos recursos ou a nossa própria vida) sem fé, não há possibilidade de agradarmos ao Senhor. Não adianta ofertarmos em grande quantidade sem que haja fé. Fica claro para nós que é por ela que damos qualidade ao que fazemos. Precisamos entender que Deus faz diferenciação entre a quantidade e a qualidade. Esta é mais importante para agradarmos ao Senhor.
1.3 Abel, o primeiro mártir
É também no Gênesis que vemos o primeiro martírio. Depois de não se conformar com a rejeição divina, Caim enciumou-se de seu irmão e matou-o friamente. É mister abordar que, nem sempre o que agrada a Deus agrada aos homens, mas ainda assim precisamos priorizar o Senhor e não temer os que podem apenas matar o corpo (Lc 12.4,5).
2. Aprendendo com Caim
A Bíblia não omite as falhas dos grandes heróis da fé. Homens como Abraão, Moisés, Josué, os juízes, Davi, Elias, dentre outros, foram muito importantes para a história israelita. Seus feitos heróicos e suas características positivas os fizeram sobressair perante Deus, mas ainda assim o Senhor não escondeu suas transgressões, antes, registrou-as na Bíblia com o intuito de que aprendamos com essas falhas e evitemos assim de repeti-las. Vejamos o que podemos aprender com Caim.
2.1 A oferta de Caim
Apesar das teorias citadas anteriormente, o que o Texto Sagrado deixa claro para nós é que Caim não pôde agradar a Deus porque não ofereceu ao Senhor com fé. Um dos males enfrentados pela Igreja é o chamado ativismo religioso. Muitas pessoas estão em constante atividade em seus ministérios, trabalham bastante, mas não ofertam este tempo com a qualidade devida. Não é o fato de estar presente nos cultos que agrada a Deus e sim um sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1).
2.2 A ira de Caim
Está escrito em 1 Jo 3.12 – “não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas”. Por que Caim era do maligno? Jesus disse em Jo 8.44 que o diabo é homicida desde o princípio, mas quem o inimigo matou? O que Jesus queria dizer ali era que desde o primeiro assassinato, o diabo já estava agindo por detrás da situação. O ato de Caim dividiu a humanidade, dando origem a uma descendência que invocava ao Senhor e outra que seguia os próprios preceitos, isto é, os filhos de Deus e os filhos dos homens de Gn 6.O Ao contrário de Caim, devemos ter cuidado com nossas emoções. A psicologia chama esse controle de inteligência emocional. Quando não conseguimos nos dominar, corremos o risco de dar lugar ao diabo (Ef 4.26,27).
2.3 O escape de Deus
Outro aprendizado importante é sobre o escape de Deus para nossas vidas. Caim estava prestes a come-ter o assassinato e Deus o avisou para tomar cuidado, dizendo: “Por que está descaído o teu semblante? Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar” (Gn 4.6,7 – grifos meus). Paulo escreve aos coríntios que embora Deus permita que sejamos tentados, a tentação não é acima do limite que podemos suportar e que mesmo permitindo a tentação, Ele envia escapes, saídas, para que possamos vencê-la (1 Co 10.13). Precisamos estar atentos à voz de Deus e assim evitar as quedas sempre desnecessárias.
2.4 O desprezo para com Deus
Além de desprezar o aviso divino e matar o próprio irmão, Caim respondeu a Deus de forma mal-educada e com arrogância: “Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?” (Gn 4.9). A forma como ele se dirigiu ao Senhor revela seu caráter e a maneira como seriam ensinadas as gerações posteriores.
2.5 O incômodo pelo castigo
O que incomodou Caim não foi o pecado que cometera e sim o castigo, isto é, a punição que lhe fora imputada. Ele reclama com Deus dizendo: “É maior a minha punição do que a que eu possa suportar” (Gn 4.13). A atitude que ele deveria ter tido após tal ato era de arrependimento, mas não se preocupou em momento algum com o que havia feito.
3. As punições de Caim
Conforme dito anteriormente, o que incomodou a Caim não foi o pecado e nem mesmo o mal que fizera em sua própria família. O que deixou Caim incomodado foram suas punições. Vejamos abaixo quais seriam as conseqüências de seus atos:
3.1 Seu trabalho seria vão
Todo pecado traz conseqüências para seu praticante e uma delas seria a ineficácia do trabalho de Caim. A versão da Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH), diz o seguinte: “Quando você preparar a terra para plantar, ela não produzirá nada” (Gn 4.12).
3.2 Seria como um nômade
Um dos motivos que o fariam ser fugitivo e errante sobre a terra era o medo da vingança de seus outros irmãos pela morte de Abel.
3.3 A distância de Deus
Caim entendeu sua sentença e disse a Deus que além de viver fugitivo e errante, isto é, correndo o risco da morte de seu irmão ser vingada, ele se esconderia de Deus (v. 14), ou seja, não o buscaria. Depois do nascimento de seu filho Enoque, que não deve ser confundido com o de Gn 5, Caim levantou uma cidade, a primeira da terra, e a chamou pelo nome de seu filho. A partir da descendência de Caim, surgiram grandes civilizações. Entre elas havia criadores de gado, músicos, artistas e escultores. Porém, os descendentes de Caim, seguindo seu exemplo, permaneceram distantes de Deus, vivendo na maldade. Vemos o primeiro caso de poligamia e os dois primeiros assassinatos logo nas primeiras gerações. Alguns textos rabínicos defendem que Caim foi fruto da relação entre Eva e satanás, através do texto de Gn 3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência...”. Atualmente a igreja Tabernáculo da Fé, fundada por Willian Branham, propaga essa doutrina. Tal ensino, entretanto, não possui nenhum apoio bíblico.
3.4 O sinal de Caim
A Bíblia não revela como era esse sinal. Dentre as principais especulações, os mórmons e alguns rabinos defendem que o sinal era a coloração da pele. Já os comentaristas do Talmude mostram que não devemos nos preocupar com isso, uma vez que o sinal não era punitivo e sim para proteção. Essa teoria fica sem fundamento quando chegamos aos dias de Noé, que era descendente de Sete. Assim sendo, acabariam os negros por ocasião do dilúvio. É mais sensato concordar com os comentaristas do Talmude e não especularmos o que seria o sinal, pois o mesmo não foi revelado.
Conclusão
Muitos são os aprendizados que tomamos nas vidas dos irmãos Caim e Abel. Este foi reconhecido e tem seu nome gravado na galeria dos heróis da fé de Hebreus 11 e mesmo sendo martirizado, Deus levantou uma nova geração através de Sete, homens que passaram a invocar o Nome do Senhor.
Questionário
1. Qual era a ocupação de Caim e Abel?
2. Qual foi o diferencial da oferta de Abel?
3. Por que João diz que Caim era do maligno?
4. Como Deus nos ajuda na tentação?
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